sábado, 20 de dezembro de 2014

VIDEOGAME: Por que as mulheres não assumem o controle? (Por Pedro Rosati)

Porque as Mulheres nao assumem o controle
Acho que boa parte dos gamers, e porque não dizer todos, gostariam de ter uma namorada que curta jogar um videogame. Eu realmente não posso reclamar, afinal, eu e minha namorada jogamos alguns jogos juntos, principalmente os da Nintendo. Acontece, que apesar da aptidão da minha namorada para jogar videogame, ela se diz não ser uma gamer, mesmo tendo acabado de comprar seu próprio o Wii U com controle extra! Como uma pessoa que tem um videogame se diz não ser uma “gamer”? O fato de mulheres assumirem que não gostam de jogos de videogame é comum. Em geral, mulheres não tem interesse por videogames, e quando tem, se limitam a até uma fronteira deste universo. Não é difícil ouvir a frase “Não gosto de jogar videogame, mas gosto de Guitar Hero” ou “Videogame é coisa de moleque, mas eu gosto de jogar CANDY CRUSH”. Apesar da comunidade gamer do sexo feminino estar crescendo acentuadamente, ainda é considerada uma fatia pequena do bolo. Você já parou para refletir porque isso acontece?
Refleti muito sobre o assunto e a conclusão eu cheguei foi que NINGUÉM PENSA NAS MULHERES!!! Parece frase clichê de filme de comedia romântica, mas é a pura verdade!!! Listei vários motivos para as mulheres não gostarem de videogames e, sendo bem honesto, eu também não as culpo por estereotipar a indústria de jogos como “coisa de menino”. Estudei mais mulheres do que propriamente a indústria de jogos. Trabalho com marketing na indústria de cosméticos e maquiagem há 8 anos e posso dizer com segurança que tenho pleno entendimento sobre comportamento do público feminino em geral, assim como suas principais necessidades sociais e pessoais. Por isso, aproveitei meu conhecimento para listar quais seriam as barreiras que as mulheres encontram para entrar no universo GAMER. A lista abaixo já está em ordem de importância. Também quero deixar BEM claro que esse estudo está generalizado, e que com certeza há exceções em todos os casos, mas essa análise considera uma média.
01. AUSÊNCIA DE JOGOS PARA MULHERES
Sei que muita gente vai pensar: “É o contrário, não existe jogos para as mulheres porque elas não gostam de jogar”. ERRADO! Tente listar alguns jogos que são só para mulheres, eu te desafio a encontra ao menos 10. Lembrando que mulher é diferente de menina. Não há muitas opções para elas, e se há, foram lançadas de maneira sem expressão ou relevância. A verdade é que se elas querem jogar algo, têm que recorrer a jogos MENOS masculinos tais como Mario Kart, Guitar Hero, The Sims. Na minha vida pessoal, há mulheres em todas as faixas etárias: minha irmãzinha tem 9 anos; minha namorada tem 30 anos; e minha mãe tem 55 anos. O comum entre elas é que todas dizem não ser fãs de videogames, porém a minha irmãzinha de 9 anos joga vários jogos de meninas no IPAD como “Mall Party” ou “City Friends”; minha namorada até comprou um videogame e não perde nenhuma edição de Zelda; e até a minha mãe jogou “Show do Milhão” no computado por alguns anos. Então, são as mulheres que não jogam, ou será que há poucos jogos que são destinados a elas? Não gosto de generalizar, mas em geral, as mulheres não gostam de jogos de armas de fogo, luta, porradaria, fantasia (tipo senhor dos anéis), esportes radicais, futebol, e etc. Isso não é uma característica da própria industria de jogos, mas da diferença entre os sexos em geral. Pense na indústria do cinema; quantas mulheres realmente gostam de “Transformers” e quantos homens realmente gostam de “Sexy and The City”. Isso acontece com indústria de livros, de esportes e muitas outras. Simples característica de gêneros (generalizando é claro). Tente colocar no google ‘jogos de video games para mulheres’. Nao aparece nenhum na busca automática!
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A falta de iniciativa da indústria de jogos, e a escassez de jogos bem segmentados, faz com que as mulheres se afastem dos jogos, e principalmente dos CONSOLES. Considerando que 10% dos jogos fossem pensados para as mulheres (sendo otimista), qual a chance dessa mulher comprar um videogame? Você gastaria mais de R$1mil em algo que é te oferece apenas 10% do seu portfolio para te atender? Claro que não! Isso gera uma rejeição em cadeia. Por essa mesma razão, há uma forte tendência feminina a utilizar SMARTPHONES, TABLETS e COMPUTADOR.
Apesar deste imenso GAP de segmentação, as industrias vem se atentando a este segmento, que inclusive mudou a comunicação de marketing de algumas delas. A própria Nintendo começou a fazer publicidades com a presença de meninas em foco; a publicidade dos jogos de Kinnect também são todas direcionadas ao público feminino, principalmente os jogos de dança; e até algumas pesquisas feitas em mercado de extrema relevância, tais como EUA e UK, apontam que as meninas igualaram os meninos como usuárias de jogos de vídeo game. (link). Em resumo, o que quero dizer é que há um enorme gap de mercado em que as mulheres não são atendidas.
02. COMPETITIVIDADE
Há quem diga que as mulheres são extremamente competitivas. Típicas disputas femininas, tais como ‘quem é a mais bonita’ ou ‘quem é a mais popular’, fizeram com que elas ganhassem essa fama. Porém é exatamente o contrário! Segundo estudo da universidade de Harvard, uma pesquisa de estudo comportamental comparou qual gênero se interessava mais por torneios de competição por compensação, onde 75% dos homens escolheram este tipo de torneio e somente 35% das mulheres optaram pela mesma opção (link). Outro estudo de Harvard sobre o mesmo tema, considerou uma amostragem de crianças fora de uma competição e quais suas reações naturais, e a pesquisa mostrou que os garotos tendem a discutir como ser o melhor ou melhorar o grupo enquanto as mulheres só queriam encontrar uma amiga para conversar de assuntos aleatórios (link). Não gosto de generalizar, mas temos que admitir que as mulheres não gostam de competição aberta e franca. Você consegue imaginar uma mulher ganhando da outra jogando Mario Kart e gritando “Chupa sua trouxa!”. Por outro lado, isso é a maior diversão do lado masculino. Onde quero chegar é que os jogos de videogames não entenderam que as mulheres se divertem estando todas bem em conjunto, sentindo que se divertiram na mesma intensidade como ir fazer compras juntas, se vestirem juntas, fazerem amigo secreto juntas e etc. Por isso jogos individuais (Candy Crush) e jogos sem foco na disputa (Guitar Hero) são os poucos que fazem sucesso com esse público. Talvez a solução para inserir as mulheres no universo dos jogos seja criar mais jogos cooperativos, no qual se joga um time contra a máquina/computador sem que alguém tenha que ganhar ou perder.
03. ACEITÁVEL SOCIALMENTE
É difícil admitir, mas as mulheres são mais maduras que os homens. E o que isso tem a ver com essa matéria? TUDO! Vou dar um exemplo para ser mais fácil de explicar: Você já viu uma mulher e um homem jogando ‘The Sims’? A mulher irá construir a melhor casa, a melhor cidade, a família perfeita e cuidar periodicamente para mante a harmonia na sua cidade – ela irá se sentir feliz e orgulhosa. Já o homem vai construir a casa, a cidade e a família só para poder construir uma piscina na casa, colocar o pai na piscina, tirar a escadinha e deixar ele morrer afogado – ele irá gargalhar e se divertir. O que quero dizer é que os homens veem o mundo dos vídeos games como uma chance de fazer o que não se pode ser feito na vida real, causar, fazer o proibido, ser livre em todos os aspectos. Somos tentados a isso, e eu realmente me divertido com isso!!! Porém boa parte das mulheres enxergam isso como imaturidade. Elas não querem matar ninguém, roubar ninguém ou qualquer coisa que se pode fazer em GTA. Elas querem administrar dinheiro, traçar uma trajetória, deixar tudo mais bonito, fazer coisas que agreguem. Importante deixar claro que isso não quer dizer que não possa ter fantasia mas desde que essa fantasia seja moral e socialmente aceitável (exemplo: Harry Potter fez muito mais sucesso entre as mulheres do que Senhor dos Anéis, isso porque é uma versão menos pesada da fantasia, sem mortes, sangue e etc).
04. ASSÉDIO
Como mencionado acima, o número de mulheres em ambientes de jogos online e multiplayer tem aumentado consideravelmente, não só em número absoluto como em percentual. Aumento que fez com que a franquia Call Of Duty até lançasse personagens femininos em 2013. Porém o próprio universo masculino está afastando as mulheres desse universo devido ao assédio moral e sexual. Xingamentos normalmente acontecem nos ambientes multiplayer jogos tipo FPS, porém, não é confortável para mulheres. Além do que, os xingamentos se intensificam e ficam mais pejorativos quando os jogadores percebem a participação de uma mulher. Em uma pesquisa conduzida por Emily Matthew explica que 63% das mulheres se sentem assediadas sexualmente em jogos na internet. Entre os assédios, os xingamentos de ‘puta’, ‘vaca’, ‘vadia’, ‘prostituta’ são as mais frequentes (link).Vale a pena conferir também nossa outra matéria sobre os trolls, Chega de “HUEHUEHUE”.
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05. INFÂNCIA
Acredito que muitos dos nossos gostos e hábitos são adquiridos na infância. É a etapa que forma nossos valores, e também é a fase responsável por testar nossos interesses. Na minha opinião, uma criança deve frequentar o máximo de aulas, ambientes possíveis, ou seja, familiarizá-la com as mais diversas atividades para que ela mesma, possa mostrar interesse ou aptidão pela determinada atividade. Quando eu era mais novo, fiz aula de pintura (um saco!), fiz KUMON (aff!), joguei tênis (sem emoção), e por fim, joguei videogame, onde me identifiquei mais. Então, desde meus 10 anos EU SEI que sou um adorador de videogames. Porém, eu vejo cada vez mais uma separação em o que é de menino e o que é de menina. Voltando ao exemplo da minha irmãzinha de 9 anos, suas coleguinhas de colégio não têm videogames, e ela não se sente estimulada a tentar. Já dentro de casa, ela associa que videogame é uma coisa de meninos e que não é legal para uma menina. Ela se maquia, pinta a unha, mas não jogava videogame. Outro dia, coloquei alguns joguinhos do Wii para ela jogar comigo e ela adorou desde então, e joga todas as noites. Conclui que ela ROTULOU o videogame como “coisa de menino” ou algo que ela não irá gostar e isso com certeza iniciou-se com educação do meu pai e da minha madrasta. Acho que os pais de hoje se preocupam tanto em afirmar que uma coisa é de menino ou menina que esquecem de separar o que na verdade importa: se é de criança ou se de adulto.
Outro problema que ocorre na infância é o preconceito do pai. Com razão, muitos pais acreditam que o videogame é uma má influência educacional para seus filhos(as), ainda mais para uma menina que pode ser exposta no ambiente online a potenciais assediadores e pervertidos. Ao invés do pai orientar a criança a não se expor na internet, ou até mesmo acompnhar a criança nos seus acessos, ele simplesmente proíbe o ato.
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06. APTIDÃO FÍSICA
Apesar deste tema de gerar muita discussão, um fator que prejudica as mulheres ao jogar videogames é o desempenho motor. De novo, não estou generalizando, mas o homem possui características físicas e mentais, associados a suas questões hormonais, que o colocam em melhor condição para as práticas de atividades de desempenho motor de uma forma geral, enquanto as mulheres tem outras facilidades tais como atividades relacionadas a administração e controle do tempo assim como inteligencia intrapessoal relacionadas a relacionamento e sociabilidade. Desde os primórdios os homens foram ensinados a caçar e tomar decisões e uma curto espaço de tempo com alta precisão, enquanto as mulheres ganharam extrema noção do tempo  e do ciclo da vida por cuidar da agricultura e da gestação de bêbes. O que quero dizer, o homem possui mais aptidão motor e a mulher mais planejamento do tempo. Falando bem na linguagem dos gamers, isso quer dizer que é muito mais fácil para um homem dar um HADOUKEN do que para uma mulher hahahaha. Em contrapartida, uma mulher poderá construir e administrar uma vila melhor que um homem. Em outras palavras, para uma mulher soltar comandos que exigem alta exatidão de movimentos (tais como X, X,Y, <, >, <,<,>,>) é muito mais difícil e há uma grande parte dos jogos que exigem essa complexidade. Por isso a preferência delas a jogos mais simplistas e de comandos primários (pula, abaixa, atira, para frente e para trás). Isso explica a alta presença do público feminino nos jogos de SMARTPHONES.
Concluindo... citei aqui vários motivos que afastam as mulheres dos videogames. No entanto, a tendência mostra o inverso, as mulheres estão ganhando seu espaço e poucas pessoas notaram ainda. Como disse, acredito que a grande razão disso está na industria e não nas mulheres. Ainda acredito que a indústria de jogos é um segmento pouco maduro. Há muitos mitos a quebrar e muita evolução a acontecer. Hoje, comparo essa indústria de jogos a um jovem de 25 anos recém formado, que já ganha dinheiro suficiente para se manter e tem um milhão de possibilidades, porém não sabe o que irá fazer daqui 5 anos. O que quero dizer é que a industria ainda não resolveu investir nesse segmento. Há tanta coisa para explorar ainda, que estratégias de segmentação para nicho (mercado pequenos que tem potencial de crescer) foram deixadas de lado. No entanto, fica aqui alguns recados: se você é mulher, arrisque-se em jogar alguns jogos que você sabe que outras mulheres já jogaram, procure amigas para que você possa compartir dicas e fazer jogos em turma. Se você é homem, incentive sua namorada, esposa, amiga a jogar jogos que você sabe que ela pode gostar, mas tenha bom senso nessa escolha -não a coloque para jogar DARK SOULS. E por fim, desenvolvedores  jogos independentes, fiquem atentos a esse mercado, pode ser uma oportunidade de vocês lançarem um Super Hit.

Fonte:http://imnohero.com.br/2014/12/11/videogame-por-que-as-mulheres-nao-assumem-o-controle/

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