Bons heróis sempre tiveram parceiros, e nos videogames não é diferente. Eles estão lá pra nos dar dicas, liberar habilidades especiais, servir de ponte pra alguma piada, e às vezes só pra encher linguiça mesmo. O problema é quando seu aliado se envolve demais no jogo, de modo que seu progresso numa fase dependa dele e de sua limitada inteligência artificial.
Esses próximos jogos são exemplos de ignorância virtual, games que ensinam uma das coisas mais valiosas da vida: você vai sempre se frustrar com a burrice das pessoas.
Star Fox
Se você viveu a maravilhosa era Nintendo 64, já estava esperando esse jogo aqui. Star Fox é uma obra prima que se mantém até hoje como um dos games mais divertidos de todos os tempos. Mas depois de anos zerando Star Fox de todos os jeitos possíveis, uma dúvida ainda permanece: como foi possível salvar o universo com uma equipe tão incompetente?
O esquadrão Star Fox era composto de quatro pilotos: Fox, o protagonista, Falco, Slippy e Peppy. Enquanto o Fox só conseguia ser tão burro quanto quem o controlava, seus parceiros sofriam de problemas mais graves. Slippy era o pior de todos, e até tinha uma missão dedicada a resgatá-lo caso ele morresse em uma fase específica. Peppy servia mais pra dar dicas e constatar o óbvio (logo antes de morrer). Já o Falco me parecia, a principio, o mais legal de todos, como se tudo aquilo fosse apenas uma brincadeira para um piloto tão habilidoso como ele. Mas essa impressão durava pouco, já que ele sempre morria NA PRIMEIRA fase. Okay, depois de terminar o jogo algumas vezes essas coisas não eram mais grande problema. Você aprendia exatamente como salvar quem em cada momento, mas isso era apenas você ficando mais esperto, enquanto sua equipe continua burra.
Goldeneye 007
Natalya Simonova. Ao ouvir esse nome, todo gamer sente um gosto amargo na boca. A coadjuvante de James Bond nesse clássico game não poupava esforços para te fazer perder uma missão. Às vezes era até difícil acreditar que ela era sua parceira e não uma espiã trabalhando pro inimigo (um final alternativo, quem sabe?).
Ou talvez, na verdade, Natalya fosse apenas uma mulher durona. Quem se importa que está havendo um sangrento tiroteio? Uma mulher como Natalya não foge dessas coisas, ela caminha entre as balas calmamente, como se fosse um passeio no parque. Se esconder dos inimigos? Elemento surpresa? James Bond é maricas demais, deixa a Natalya cuidar disso. Estava mirando na cabeça de um guarda? E cadê a emoção? Não se preocupe, sua parceira vai ficar no caminho para tornar as coisas mais desafiadoras. Analisando assim, fica difícil odiar a Natalya. Ela é só uma russa doidona mal compreendida.
Todo jogo de tiro em terceira pessoa
Tá bom, talvez eu esteja exagerando. Nem todo jogo de tiro em terceira pessoa tem aliados burros. Só o Gears of War. E Resident Evil 5. E o 6 também. E Army of Two. Todos os Army of Two. É, na verdade existem muitos jogos de tiro em terceira pessoa com aliados burros, e todos eles com problemas altamente irritantes. Existem os parceiros que não sabem ficar abaixados quando oitenta inimigos estão atirando ao mesmo tempo. Outros, gastam seus itens indevidamente (você está com a vida cheia? Deixe-me recuperar a sua vida com a última poção restante!). E todos eles falham miseravelmente em te salvar da morte. Quando um desses parceiros vai ao chão você arrisca tudo para salvá-los, mas quando é a vez deles de retribuir o favor, é mais fácil largar o controle e aguardar o fim. É como se os criadores desses games quisessem passar a sensação de estar jogando eternamente com aquele seu primo noob.
Mas o que eles tem em comum? Simples, todos eles foram feitos pra serem jogados com um amigo no modo cooperativo. Não um bot, mas um amigo de verdade, de carne e osso. O que é uma idéia extremamente idiota, já que todos sabem que quem joga videogame não tem amigos.
Half Life
Eu tinha muito medo de Half Life quando eu era menor. O game era escuro e repleto de criaturas pavorosas. Por isso, toda vez que eu encontrava um policial ou cientista vivo no meio de toda aquela carnificina, eu ficava mais aliviado. Mas durava pouco.
Os sobreviventes eram muitos, mas era difícil saber como eles estavam vivos até então, já que a única coisa que eles faziam era ficar parados esperando algum alien comer suas tripas. Você pode falar com esses personagens, e eles vão dizer que estão com você pro que der e vier, vocês são parceiros agora, não precisam mais enfrentar os terrores desse mundo apocalíptico sozinhos… isso é, até que apareça uma parede no caminho. Nesse caso, seu novo colega nem vai tentar te seguir. No triste mundo de Half Life, amizades só duram até que alguma força sobrenatural (como uma porta) separe dois amigos. Você pode tentar voltar e convencer seus aliados a te seguirem, mas aparentemente eles nunca gostaram muito de você, ou apenas tem medo de se aventurar além da sala em que estão. Talvez essa seja a mensagem que Half Life quer nos passar: que a vida é efêmera e nada dura, nem os laços mais fortes. Ou talvez seja só uma inteligência artificial mal feita.
Dead Rising
Quando vi Dead Rising pela primeira vez, tive que segurar as lágrimas. Nunca um game de zumbis me pareceu tão perfeito. Era uma espécie de Madrugada dos Mortos no recém lançado Xbox 360. Como poderiam estragar isso? Pois é, estragaram. Dead Rising tem MUITOS defeitos (o que não me impediu de gastar centenas de horas jogando esse péssimo bom game), mas o pior de todos, de longe, são os sobreviventes que você deve salvar em sua jornada sangrenta.
Pra quem não se lembra, o primeiro Dead Rising contava a história de Frank West, um fotógrafo que precisa investigar misteriosos acontecimentos em uma cidade no Colorado, que está aparentemente sob quarentena. Não preciso nem dizer que ele chega lá e está cheio de zumbis, certo? Ok. Bom, como eu disse, Frank é um fotógrafo. Não um soldado de elite, não um membro da SWAT, não um ex-policial, ele é um fotógrafo. Mesmo assim, ele consegue matar 800 zumbis com um saco de bolinhas de gude e uma garrafa de suco de laranja sem derrubar uma gota de suor, o que leva a crer que os zumbis de Dead Rising são EXTREMAMENTE burros e qualquer um com um resquício de cérebro conseguiria sobreviver a esse apocalipse sem grandes problemas. Pois bem, os sobreviventes de Dead Rising não tem nenhum resquício de cérebro, aparentemente.
A burrice dos seus aliados já é evidenciada logo no começo do game. Quando Frank chega ao shopping onde se passa o game, não há nenhum zumbi do lado de dentro. Alguém com um pouco de bom senso bloqueou as portas, e estão todos aproveitando a segurança das grossas paredes e elegantes lojas do Willamette Mall, até que uma velhinha abre a porta pra procurar o seu cachorro e deixa a multidão de zumbis entrar. Legal hein? Quem já teve um cachorro sabe como eles são importantes, e mantê-los fora de apuros é a meta de qualquer dono. O problema é que o cão em questão não estava em apuros, ele estava sendo ignorado pelos zumbis (que não ignoraram a velhinha, nem nenhum dos muitos sobreviventes que morrem nessa cena). Isso é só o começo de uma longa e frustrante seleção de personagens com poucos neurônios.
Logo em seguida, o game te mostra a possibilidade de salvar outros sobreviventes, que é a maneira mais rápida de conseguir experiência e destravar habilidades especiais. Você não é obrigado a ajudar ninguém, mas é difícil derrotar os chefões (burros também, porém apelões) sem salvar pelo menos alguns sobreviventes. Mas salvá-los é também uma árdua tarefa. Você pode dar armas a eles para que possam se defender, mas isso não vai ajudar muito. Dê uma Uzi para um colega e assista ele gastando todas as balas, parado no mesmo lugar, enquanto você suplica para que ele te siga. Aliás, essa é uma coisa que se faz muito em Dead Rising: gritar para que seus aliados te sigam e ser prontamente ignorado. “Over here! Over here! Follow me!” é o que você mais vai ouvir sair da boca de seu personagem até notar que o sobrevivente que te seguia um segundo atrás está sendo devorado, e sem a mínima chance de se salvar sozinho (por mais que você tenha entregue sua mais nova katana pra ele). E quando você vai pra uma nova parte do jogo, aguarda pacientemente o loading, apenas pra descobrir que seu aliado ficou pra trás? E que ele NÃO CONSEGUE simplesmente abrir uma porta e te seguir. Você precisa voltar, esperar o loading NOVAMENTE, ficar gritando “follow me!” até que ele esteja perto o suficiente pra ir com você até a próxima área? E quando você precisa que seu aliado suba um simples degrau?
Se Walking Dead nos ensina que os humanos são tão perigosos quanto um bando de zumbis, Dead Rising nos ensina algo tão valioso quanto: humanos são tão (ou mais) burros que zumbis. Que jogo horrível, mas só de falar já deu vontade de te jogar.
Fonte:http://semtilt.com.br/os-5-games-com-aliados-mais-burros/
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