Os jogos de videogame (e, também, os de computador e celular) são hoje reconhecidos por sua imensa capacidade de proporcionar entretenimento. Porém, mais do que isso, eles podem ser usados para outras finalidades, como educação, treinamento profissional e, inclusive, como meio para despertar reflexões sobre o mundo em que vivemos.
Assim como o cinema e a televisão, os jogos eletrônicos podem reproduzir certas visões sobre a realidade e difundir ideologias, mesmo que isso não seja explícito. Há jogos em que o objetivo é administrar uma cidade, outros que recriam grandes batalhas e guerras históricas, e assim por diante. Todos esses jogos expressam, de certa forma, modos específicos de enxergar os fatos do passado e da atualidade.
Separamos, aqui, uma lista de 5 jogos que são exemplos interessantes de utilização de pontos de vista sobre os acontecimentos com a finalidade de estimular transformações sociais:
McDonald’s Videogame
McDonal’s Videogame foi produzido em 2006 pelo estúdio de desenvolvimento italiano Molleindustria. Nele, você é convidado a administrar uma loja da rede de lanchonetes McDonald’s em diversas etapas envolvidas na comercialização dos lanches: da produção da soja que servirá de ração aos bois, passando pela criação dos bois que serão transformados em hambúrguer até a venda na loja e o escritório, onde serão resolvidas questões jurídicas e de publicidade.
O jogo explora a busca por lucro a qualquer custo e a forma destruidora pelo qual isso é obtido: demissões, superexploração dos funcionários, utilização de substâncias nocivas à saúde na fabricação dos alimentos, devastação da natureza para plantar soja, campanhas publicitárias enganosas e corrupção para contornar os processos judiciais.
Pode ser jogado gratuitamente aqui.
September 12th
September 12th que significa “12 de setembro” em inglês,foi lançado em 2003 e faz referência ao dia seguinte ao dia 11 de setembro de 2001, no qual as torres gêmeas do World Trade Center nos Estados Unidos foram derrubadas por dois aviões.
September 12th que significa “12 de setembro” em inglês,foi lançado em 2003 e faz referência ao dia seguinte ao dia 11 de setembro de 2001, no qual as torres gêmeas do World Trade Center nos Estados Unidos foram derrubadas por dois aviões.
Assumindo o papel de um soldado americano, você tem o objetivo de bombardear integrantes de grupos armados de oposição às tropas estadunidenses (os alvos da Guerra ao Terror do ex-presidente George W. Bush), em um país do Oriente Médio.
O problema é que os soldados inimigos estão misturados com a população civil e, conforme os mísseis são lançados sobre eles, populares também são atingidos, o que acaba gerando comoção e aumentando o número de rebeldes contrários à invasão norte-americana, ao invés de eliminá-los.
O país no qual September 12th é ambientado provavelmente é o Afeganistão, mas pode ser o Iraque também, já que ambos foram invadidos pelos americanos sob o mesmo pretexto de combate ao terrorismo.
Pode ser jogado gratuitamente aqui.
V de Vinagre
V de Vinagre é um jogo brasileiro criado pelo estúdio Flux e possui tom cômico, satirizando alguns acontecimentos absurdos que aconteceram em São Paulo durante os levantes de junho e julho, em 2013. No episódio, manifestantes foram detidos pela polícia por portar vinagre que, supostamente, seriam artefatos perigosos.
V de Vinagre é um jogo brasileiro criado pelo estúdio Flux e possui tom cômico, satirizando alguns acontecimentos absurdos que aconteceram em São Paulo durante os levantes de junho e julho, em 2013. No episódio, manifestantes foram detidos pela polícia por portar vinagre que, supostamente, seriam artefatos perigosos.
O objetivo do jogador é fugir da tropa de choque e coletar, no caminho, o máximo de garrafas de vinagre possível.
Pode ser jogado gratuitamente aqui.
Escravo nem Pensar!
Jogo também produzido pela desenvolvedora brasileira Flux Game Studio em parceria com a ONG Repórter Brasil, que investiga casos de trabalhadores em situação análoga à escravidão. O jornalista Leonardo Sakamoto, que integra a ONG, contribuiu com a concepção do projeto, lançado em 2014.
Em “Escravo nem Pensar!” o jogador é colocado na situação de um trabalhador escravizado na atualidade e seu objetivo é escapar dessa situação. Busca-se apresentar as circunstâncias de uma maneira que possa parecer real ao jogador.
Pode ser baixo gratuitamente nesse endereço.
RIOT
RIOT (que significa protesto em inglês) é um projeto em desenvolvimento de um jogo que simulará diversas situações baseadas em protestos históricos reais acontecidas nos últimos anos.
RIOT (que significa protesto em inglês) é um projeto em desenvolvimento de um jogo que simulará diversas situações baseadas em protestos históricos reais acontecidas nos últimos anos.
No site do projeto, os desenvolvedores declaram abertamente que o objetivo proposto com RIOT é tentar combater as mentiras da grande mídia e ajudar aqueles que estão lutando pela liberdade de expressão.
Com diversos tipos de personagens, com características distintas, o projeto propõe oferecer ao jogador a possibilidade de elaborar e aplicar táticas de enfrentamento.
Mais informações sobre o projeto em andamento podem ser encontradas aqui.
O Brasil e a exclusão social
Hoje os videogames representam o maior mercado da indústria do entretenimento no mundo, superando o cinema. Diante da enorme quantidade de jovens e adultos que utilizam os videogames no Brasil, inclusive jovens trabalhadores e filhos de trabalhadores, esse se torna um meio de comunicação e interação importante nas disputas políticas e nas formas através das quais os trabalhadores podem tomar consciência sobre como são explorados e de que modo podem superar essa condição.
Hoje os videogames representam o maior mercado da indústria do entretenimento no mundo, superando o cinema. Diante da enorme quantidade de jovens e adultos que utilizam os videogames no Brasil, inclusive jovens trabalhadores e filhos de trabalhadores, esse se torna um meio de comunicação e interação importante nas disputas políticas e nas formas através das quais os trabalhadores podem tomar consciência sobre como são explorados e de que modo podem superar essa condição.
Para isso é importante estar atento a algumas questões, como por exemplo, a racial. Assim como no cinema e na televisão, apesar da maior parte da população brasileira ser negra, a maioria das pessoas representadas são brancas, reflexo da dominação das elites sobre esses meios.
Nos jogos eletrônicos, a maioria importados de países como EUA e Japão ou de europeus, ocorre o mesmo. Porém, diante da menor quantidade de análises a respeito da importância social dos videogames, a questão racial é pouco discutida.
A causa feminina nos videogames também é um assunto que deve receber bastante atenção, uma vez que a maneira como as mulheres são representadas é, em geral, baseada em estereótipos que refletem a visão masculina opressora de uma sociedade machista. Além disso, a utilização dos videogames pelas mulheres, infelizmente, ainda é um tabu, apesar do crescente aumento da porcentagem feminina dentro do público de jogadores.
Também prevalece, nos jogos eletrônicos, a representação heterossexual dos personagens e os esforços e debates a respeito da relação dos games com o universo LGBT são ainda mal explorados, apesar de necessários.
A questão tecnológica também é importante e os jogos produzidos no Brasil voltados ao engajamento político devem levar em conta que a maior parte da população não tem acesso aos equipamentos de última geração, vendidos a preços muito elevados.
Via: PSTU
Fonte:http://www.marketingegames.com.br/o-ativismo-na-era-videogame/
Sobre o Autor:Daniel Vekony
Marketeiro, carismático e comunicativo, bom observador e ouvinte. Pós-Graduado em Gestão de Comunicação e Marketing pela USP, Gerente de Marketing e Professor de Processo Criativo no Curso de Jogos Digitais na Faculdade Impacta. Fundador do Marketing & Games, nas horas vagas e não tão vagas sou Gamer e Futebolista, gosto de estar rodeado de amigos e de compartilhar ideias!
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